Aviso: este texto possui um conteúdo sarcástico, absurdo e realista. A mistura dessas características pode ocasionar ao leitor sensações diversas e pensamentos frívolos. Não nos (me) responsabilizaremos (ei) por ações incovenientes após a leitura. E esta é só a primeira parte.
Esta era a noite! A noite de gala. Trajes prontos, os últimos retoques no espelho e pronto! Não visto um smoking pois não me faz juz esse tipo de vestuário. Simplesmente não combina. Trajes normais e simples; nada demais nem de menos.
- Eu acho que ela estará lá.
E, antes de sair, só para confirmar, telefonei:
- Oi Cris; você vai, não?
- Xi, Eden; vai ter que ficar para a próxima... apareceu um incoveniente aqui. Sinto muito.
- Não tem problema. Fica para a próxima...
É claro que tem problema! Eu só ia por causa dela. Agora também me desmotivei! Estou todo vestido e não vou a festa... quem manda eu ser burro e não ter ligado antes para confirmar?
Nesse instante, toca a campainha:
- Quem é?
- É o Anderson, Eden. Tenho que falar com você!
- A porta está aberta.
Falou o Anderson coisa de meia hora. Contou causos da sua vida amorosa. Papo de homem. Contou que sua namorada estava desconfiada que ele a estava traindo e ele estava quase endoidecendo.
- Você tem que falar com ela, Eden. Você tem que convencê-la do contrário.
- Mas que argumentos eu vou usar, Anderson, se você realmente a está traindo?
- Não sei, Eden. Inventa; dá teu jeito.
- Farei o possível. Quando ela estará em casa?
- Ela está agora. Eu acho que ela ia sair com a mãe dela na hora que a Karla (amante) ligou.
- Estou indo lá. Você vai comigo.
- Não, prefiro que você vá sozinho. Diga a ela que eu fui ao Largo da Carioca. Vou ver a Karla.
- Sem problemas.
Não acreditei nesse golpe de sorte. Tudo que eu queria me veio de mãos beijadas. Ainda bem que eu não me destrajei.
- Cristina? Sou eu, Eden.
- Eden?! O que você está fazendo aqui. Não entre! Não sei onde fora o Anderson.
- Foi ao Largo da Carioca. Não vem tão cedo.
- Melhor assim.
Conversamos por um largo tempo enquanto nos agarrávamos de vez em quando. Era uma paixão recente e ainda sem muitas liberdades. Com o passar do tempo na casa dela, os intervalos foram diminuindo e, sem me dar conta, estava com ela no quarto ouvindo The Beatles com luzes foscas acesas. Nesse instante, toca o telefone:
- Alô.
- Cristina, é o Anderson. Como você está?
- Eu estou bem, Anderson. Não quero falar muito com você agora, tá?
- Mas, Cris, eu queria tanto falar com você. Estou precisando muito de você nesse instante.
- Por que você não chama a outra?? - falou com um tom um pouco invocado.
- Por que não há outra, Cris. Será que você não entende? Não teria por que eu ter outra paixão. Você me oferece tudo que eu quero.
- Não sei se você pensa assim. Está apenas a repetir o que eu te falo.
- Mas é claro que penso assim, Cris. Vim ao Largo da Carioca agora para poder refletir um pouco e deduzi que eu te amo muito, meu amor. Não quero mais entrar em conflito com você.
- Não sei se posso acreditar nessas suas palavras.
- Acredite! Daqui a pouco o Eden deve estar por aí. Eu conversei com ele e expliquei minha situação. Espero que você se comova.
- Pois o Eden não veio aqui ainda. E acho que ele não virá. Vou sair com a minha mãe. Beijos.
E desligou o telefone me deixando sem entender muita coisa. Fez uma cara de arrependida e disse o que eu previa.
- Poxa, Eden. Acho que não vai ser dessa vez. Sinto muito.
E eu, cansado já de tantos "sinto muito"'s, retruquei com toda a calma do mundo:
- Pode deixar, Cris. Relaxa. Você quer que eu saia?
- Quero sim, Eden. Estou precisando pensar um pouco no que ando fazendo.
- Sem problemas. Me liga quando estiver melhor ou se precisar de algum ajuda.
E saí. Com a cabeça no chão mas saí. Me veio a cabeça ligar para o celular do Anderson e foi o que fiz.
- Anderson, o que você está fazendo? - falei eu um pouco alto pois notei o som ligado em altura demasiada.
- Estou na casa da Karla e um pouco ocupado. Nos falamos depois?
- Claro. Quando você quiser.
Nesse momento me veio a perspectiva "escrota" que a vida demonstra. De quem é o mundo? Dos mais espertos, dos mais inteligentes, dos mais vulgares ou dos mais falsos? Qualquer que fosse a resposta, eu saberia que era o contrário do meu caráter pois do mundo não possuo nada. Apenas minha vida e meu modo pessimista e egoísta de pensar. Quando terminei de pensar, notei meu telefone tocando:
- Pronto.
- Eden? É a Camile.
- Oi, meu amor. Tudo bem?
- Tudo sim, Eden. Onde você esteve toda a tarde? Tentei te ligar mas não consegui.
- Eu estive por aí...
- Alguém me disse que te viu entrando na casa da Cristina. É a terceira vez só essa semana, Eden. O que você anda fazendo tanto lá?
Depois de ouvir isso, desconfiei seriamente que o Anderson estava saindo com a minha namorada...